sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

MARCADOR || Um Amor em Tempos de Guerra


O mês de Fevereiro marca a minha estreia num clube literário, algo que nunca pensei frequentar! Uma das razões por que isso acontecia era a obrigação de ler determinado livro. Ora, as minhas leituras sempre foram feitas um pouco ao sabor do vento. Sem qualquer tipo de regra. Se vejo um livro que me chama a atenção, então, ignoro todos os outros. Mas o The Bibliophile Club, criado pela Sónia, Carolayne e Sofia, deu-me um tema, ao invés de um livro. Posso trabalhar com isto, pensei eu, já a olhar para a minha estante. Qual a minha tristeza quando me apercebo que, para alguém que adora histórias de amor, havia muito pouco por onde escolher. Nada melhor que uma ida à biblioteca local para limpar as vistas e, quem sabe, encontrar o tal.

Um Amor em Tempos de Guerra de Júlio Magalhães conta-nos a história de António e Amélia que, nascidos e criados em terras de Santa Comba Dão, em finais dos anos 1960, se viram separados pela Guerra do Ultramar. De casamento marcado e com uma vida já planeada, António vê-se obrigado a partir para Angola, no navio Niassa, para defender e lutar pela pátria. Enquanto isso, a vida de Amélia fica em suspenso. Os seus alunos, as suas amigas e as cartas que recebe de António são o que lhe vão dando coragem para continuar e esperar pelo noivo. Mas o tempo vai passando e a guerra continua. As cartas de António chegam com cada vez menos frequência e, quando chegam, Amélia não reconhece o homem que lhe escreve. Distante, de poucas palavras e frio na forma como a trata, a guerra mudou António.

A Guerra do Ultramar e os Retornados são assuntos bem presentes na minha família. No entanto, eu pouco ou nada sabia sobre o assunto. Meio que me limitei às histórias contadas à mesa aquando nos almoços ou jantares de família e às poucas cerimónias em que estive presente. Confesso que quando vejo estes senhores em parada, com a idade já a pesar-lhes no corpo mas altos e orgulhosos, não consigo não ficar emocionada. Quantos destes homens, tal como António, foram obrigados a deixar o conforto das suas terras para ir combater numa guerra lá longe? Quantos destes homens viram camaradas cair à sua frente? Quantos destes homens não sofreram com as agruras e os traumas da guerra? São muitas mais as perguntas que me vêm à cabeça, no entanto, há uma que não me deixa: quantos destes homens são o António Ferreira de Um Amor em Tempos de Guerra?

Quer na introdução, quer no epílogo do livro, Júlio Magalhães refere que não é um escrito, mas tão só um jornalista. Não podia concordar mais com ele. Um Amor em Tempos de Guerra é de leitura fácil (alturas houve em que o achei simples de mais), mas não deixa de ser uma leitura agradável. Quando decidi participar no The Bibliophile Club e enquanto procurava um livro que fosse de encontro ao tema, focava-me somente no facto de ser uma história de amor. Mas esqueci-me que o amor tem várias facetas, uma tão bonita quanto a outra: o amor romântico, o amor filial, o amor entre amigos e o amor à terra são aqueles que logo me vêem à mente. Amei o livro? Não. Mas estou-lhe agradecida pela história de amor que me fez recordar a história de tantos outros.

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