terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

MARCADOR || Desejos de Chocolate


Estava com dúvidas se deveria ou não escrever a minha opinião sobre o livro e, confesso, ainda as tenho. Há uma coisa, no entanto, que me leva a questionar a minha própria dúvida: quando acho que um livro está a ser mau ou aborrecido, simplesmente, paro de o ler. Conheço várias pessoas que, mesmo sentindo que determinado livro não tem nada para lhes oferecer, continuam a lê-los até ao fim. Porquê? Alguém que se chegue à frente e me explique o porquê da vossa escolha! É por terem esperança que nas últimas páginas a história dê uma reviravolta e faça com que tudo o que leram antes faça sentido (ou mais sentido)? É porque terminam sempre aquilo que começam? Morro de curiosidade, a sério que sim!

De qualquer modo, terminar um livro que não esteja a achar interessante é algo raro. E foi precisamente isso que aconteceu com os Desejos de Chocolate de Trisha Ashley. Já tinha o livro há alguns anos mas só esta semana é que lhe peguei (tenho em crer que isto tudo foi por ter sido influenciada pelo The Bibliophile Club e o tema deste mês, o Amor) e não o larguei até terminar.

O avô de Chloe é feiticeiro; a "tia" lê as cartas e folhas de chá; e o irmão mais novo é um adolescente gótico conhecido pelo seu longo historial de partidas à vizinhança. É uma família peculiar que, quando se muda da cidade de Merchester para Sticklepond, traz essa pecularidade consigo. Enquanto Chloe Lyon trabalha afincadamente para que o seu negócio de Desejos de Chocolate cresça, o avô está empenhado em abrir um museu de bruxaria! Mas há quem não o queira e espera-se que, com a chegada do novo vigário à cidade, se ponha um travão nesse projecto. O novo vigário, no entanto, não é nada daquilo que estavam à espera. Muito menos Chloe. Acontece que, além de ser uma ex-estrela do pop-rock, é também um antigo amor de tempos de juventude de Chloe.

Lembro-me que, quando comprei este livro, estava na esperança de ser algo parecido com o estilo da Sarah Addison Allen, uma das minhas autoras preferidas. O que não aconteceu. Acho que havia muita coisa que podia ser explorada mas que foi tratada muito superficialmente. A relação entre a protagonista e a mãe (que desaparece sem dizer nada a ninguém durante anos), a relação entre a protagonista e o vigário, a relação entre a protagonista e o avô, e, de um modo geral, a relação entre a protagonista e todos os personagens (incluindo ela mesma). A protagonista em si, pronto. Não há odiei, uma vez que, apesar de tudo, descrevia as situações com bastante humor, mas também não a amei.

Por outro lado, gostei bastante do modo como a autora escreveu o trabalho do chocolate. Acho até que aprendi alguma coisa e é possível que tenha ficado com água na boca uma vez ou outra. Também achei piada ao modo como o modo de vida naquela pequena cidade (que cresceu com o turimo depois de ter sido encontrado um manuscrito de Shakespear), com os seus pubs, o presbitério e toda uma área onde as famílias podem ir fazer os seus piqueniques.

É uma boa leitura para aqueles dias mais molengos e que sabe bem. Mesmo para aqueles que não gostam de chocolate! A escrita é leve e divertida, sempre com um ou outro trocadilho a espreitar pelo buraco da fechadura, e as personagens, mesmo que não as amemos, não conseguimos não gostar delas porque, embora os Lyon tenham o quê de bizarrice, é só o suficiente para se destacarem entre os restantes habitantes de Sticklepond.

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