quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

NEBULOSA || Resoluções para 2019

Não escrevo desde Outubro do ano passado e o mês de Janeiro já veio a meio, por isso, acho que esta é altura ideal para partilhar convosco as minhas resoluções de Ano Novo. E uma vez que não nos vemos dese 2018, creio que também está mais que na altura para vos desejar um bom ano!

Deixem-me começar por deixar bem claro o seguinte -- não sou uma pessoa de resoluções. Durante muito tempo (e quem diz muito tempo, diz até há dois anos) acreditei que uma pessoa não mudaria por simplesmente ter passado de Dezembro para Janeiro. Fazia-me espécie o modo como as pessoas prometiam a si mesmas certas coisas que, de forma consciente ou inconsciente, não iriam cumprir. Fazem-se as resoluções, anda-se na linha durante algumas semanas, mas depois volta-se ao que se era antes de fazer essas tais promessas. Ria-me dessas pessoas, sem me aperceber que essas promessas, que essas pessoas estavam a tentar fazer por elas. 

A noite de 31 de Dezembro de 2017 foi a primeira vez que fiz uma resolução e foi tão simples como ler mais. Com a ajuda do desafio anual de leitura do Goodreads, consegui alcançar a meta (e mais um pouco) a que me propus. Se consegui fazer isto, talvez consiga fazer mais, foi o que pensei. Foi então que na noite de 31 de Dezembro de 2018, armada com uma panela e uma colher de pau, decidi que este ano faria mais do que alguma vez fizera em vinte e quatro anos.

Ler: A leitura sempre foi para mim um refúgio. Mas com o passar dos anos, tornei-me descuidada e as leituras foram que mais sofreu com esse alheamento. Ou não tinha tempo ou não tinha paciência ou não havia nada de interessante que valesse a pena ser lido. Esta lacuna tornou-se mais evidente quando dava por mim a não conseguir articular uma frase, a não encontrar a palavra certa e a não conseguir escrever de uma forma que me agradasse. Quando lia o que escrevia, não fazia sentido e não me revia naquelas palavras. Ao não ler, não aprendia. Ao não ler, não evoluía. 

Escrever: Era um 'escrever mais' que aqui estava. Até perceber que não era quantidade que queria, mas qualidade. Escrever a minha tese, artigos de investigação, as pequenas notas de rodapé na agenda, publicações no blogue, etc.. O que pretendo fazer é escrever e escrever com gosto. Escrever em Português, sobretudo. Grande parte do meu dia é passado a ler e a escrever em Inglês, o que me tem sido bastante útil, mas comecei a sentir falta de me expressar na minha língua materna. E essa pouca prática com a língua portuguesa dificulta-me a expressão escrita e oral.

Ser dedicada: À semelhança da resolução anterior, esta também passou por uma ligeira alteração. 'Terminar os projectos a que me proponho' era a resolução original, mas quanto mais pensava nisto, menos sentido fazia. Não seria mais interessante e prazeroso dedicar-me aos projectos que tenho em mãos, ao invés de os querer terminar por mera obrigação?

Cuidar de mim: Talvez a mais desafiante e a mais difícil de todas elas. Durante muito tempo, negligenciei-me. Fiz coisas porque esperavam que as fizesse, porque este ou aquele eram o modo-padrão de agir. Ao fazê-lo, ignorava por completo os meus pensamentos, substituindo-os por outros que me fossem mais vantajosos, que justificassem as minhas escolhas. Quando os problemas surgiam, punha-os de lado, esperava que eles se resolvessem por si só, como que por magia. Mas não foi isso que aconteceu. Esses problemas que ignorava e que punha de lado foram ganhando força e espaço. Foi uma questão de tempo até não conseguir pensar em mais nada que não naqueles pensamentos negativos. A minha ansiedade piorou, não dormia, não conseguia olhar-me ao espelho porque não reconhecia a pessoa que olhava de volta, evitei lugares e afastei-me de pessoas que me são queridas porque não conseguia lidar com a torrente de pensamentos que me inundavam. Não conseguia reagir. A única coisa que queria, que conseguia fazer era esconder-me. E ter medo da própria sombra não é maneira de viver. Entendi, então, o quão necessário e urgente era cuidar de mim própria. O ocasional banho de espuma, aquela fatia bem grossa de bolo de chocolate, o ir jantar fora (sozinha ou acompanhada), tudo isso é fantástico, tudo isso é necessário. Mas cuidar de mim também implica sair e sentir o sol no rosto quando tudo o que quero é ficar na cama com as luzes apagas e cortinados corridos; é tomar banho mesmo quando a cabeça te pergunta para quê?; é aprender que aquilo que me aterroriza talvez não seja tão assustador como o pinto.

1 comentário:

  1. Eu não sou de resoluções. Uma pessoa não precisa de esperar pela passagem de um ano para o outro para começar a pôr em prática um objetivo, pode fazê-lo em qualquer dia, em qualquer momento. Mas percebo o fascínio, começar direitinho no início do ano, da mesma maneira que muitos estudantes gostam de começar a estudar à hora certa (tipo às 17h em vez de às 16h47).
    Partilho os mesmos objetivos que tu. Muitos dos quais já tenho vindo a aplicar e que, em 2019, vou continuar :).
    Beijinhos
    Blog: Life of Cherry

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