quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

LAUREAR A PEVIDE || Tapada Nacional de Mafra


Domingo foi dia de ir passear. Convém dizer que foi um daqueles dias em que a vontade para sair de casa era inexistente. O céu estava cinzento e ameaçava chuva. Apesar de gostar de dia assim, a verdade é que naquele momento em particular sentia-me em baixo. Sem vontade de fazer nada ou de ver quem quer que fosse. Estava que nem o tempo. Mas há pessoas que vêem para lá de um "hoje não me apetece" e foi assim que, a meio da tarde, me vi na Tapada Nacional de Mafra.

A Tapada de Mafra foi fundada em 1747 e é uma extensão do Palácio-Convento de Mafra. Utilizada como espaço de lazer por reis e rainhas, a Tapada também funcionou como zona de caça reservada aos mais altos estractos sociais do reino, a saber a Família Real e a nobreza. A sua fundação data de meados do século XVIII, mas foi durante os reinados de D. Luís (1861-1899) e de D. Carlos (1899-1908) que a Tapada conheceu períodos de maior actividade. D. Luís era um apaixonado pela Natureza e passou esse gosto ao filho, D. Carlos, que, além de ser rei, foi fotógrafo, naturalista, oceanógrafo e também caçador (e um par de botas). Este último, não tanto no sentido a que hoje em dia estamos habituados a ver e a ouvir. D. Carlos foi um caçador notável, não pelo número de animais abatidos, mas por ter conjugado o interesse e conhecimento do mundo natural com a actividade. Com a implantação da República passou a designar-se Tapada Nacional de Mafra e a funcionar como cenário para actos protocolares. Actualmente, está aberto ao público e são várias as actividades disponíveis!



Não sendo eu uma pessoa físicamente activa, quando sugeriram que fizessemos um passeio pedestre imaginei logo o pior: os militares (porque parte da Tapada é administrada pelo Exército) teriam de me ir buscar a meio da noite porque me tinha perdido e estava demasiado cansada para o que quer que fosse. Isto se os javalis não chegassem primeiro! Enfim, o filme estava feito. Optámos pelo percurso médio (7km uma duração média de 2h30m), uma vez que chegámos depois de almoço e a Tapada fechava às cinco da tarde. O tempo ainda estava cinzento, mas bem que podia estar a chover a potes que continuaria a querer seguir caminho. 

Ainda nos cruzámos com algumas pessoas no início do percurso, mas à medida que andávamos (e alturas houve em que não sabíamos se estávamos no sítio certo porque o trilho desvanecia) foi com enorme satisfação que me ia apercebendo que não se ouvia nem carros, nem aviões, nem pessoas a apregoar aos quatro ventos como a tia da sobrinha da prima estava perdida. Ouvia-se o vento, a água a correr, as folhas debaixo dos nossos pés, os galhos caídos a serem quebrados por nós ou pelos animais que lá estavam e que nada se importavam com o facto de estarmos ali com eles. Uma das memórias que guardo com mais carinho desse passeio não foi ter feito 7km, mas o à vontade com que os animais olhavam para nós. Fui ignorada por um veado e nunca me senti tão bem! No final do dia, senti-me feliz por ter ido. Por saber que há um local onde me posso abstrair completamente de tudo e simplesmente desfrutar do melhor que a Natureza tem para nos oferecer. Não me senti cansada; senti-me satisfeita. Espero voltar à Tapada em breve (com calçado adequado).

1 comentário:

  1. Oh que adorava conhecer esse lugar que lindo e para não falar que da para desligar de tudo
    Beijinhos
    Novo post //Intagram
    Tem post novos todos os dias

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