sexta-feira, 12 de outubro de 2018

LAUREAR A PEVIDE | British Museum


Geralmente, eu sou uma pessoa organizada. Ou melhor, eu acho que sou uma pessoa organizada, mas isso passa quando me sinto ansiosa. Foi por isso que a nossa viagem a Londres foi uma verdadeira aventura. Aliás, enquanto planeava a viagem, cheguei mesmo a pensar em ir num dia e voltar noutro, acabando por não aproveitar nem a viagem nem a experiência. O que felizmente não aconteceu, mas não me impediu de passar quase quatro meses de cabeça e olhos postos na comunicação que tinha para apresentar. Afinal de contas, se não tivesse sido por ela, não teríamos ido a Inglaterra. Por isso, só consegui desfrutar verdadeiramente da viagem depois de ter concluído o trabalho.

O British Museum foi um dos primeiros locais a visitar. O museu fica na zona de Bloomsbury e é grátis, mas as urnas espalhadas pelo edifício incentivam os visitantes a contribuir para o seu desenvolvimento e manutenção. As filas eram longas, mas só porque as mochilas precisavam de ser revistadas. Foi nesse momento que percebi que não tinha qualquer hipótese de vingar no mundo do crime, porque estava com medo que me fizessem perguntas sobre a comida e que me tirassem a garrafa de água (tudo menos a garrafa de água). Ultrapassados os seguranças, subimos de nível.

Com as suas quarenta e quatro colunas iónicas e o progresso da civilização representado no frontão, a fachada principal do museu é bem ao estilo grego e gosto do século XIX, momento em que a Europa era assolada por um revivalismo grego. Não há como ficar aborrecido no British Museum, porque há colecções para todos os gostos e feitios. Mas focámo-nos mais nas colecções do Antigo Egipto, da Mesopotâmia, da Assíria e da Grécia e Roma Antiga. Por uma simples razão: o nosso primeiro ano de História. Nesse ano, somos introduzidos no mundo da História Pré-Clássica e Clássica, mas os nossos conhecimentos são baseados em bibliografia desactualizada, em anotações mais velhas que os nossos pais e em imagens de pouca qualidade. Não eram exactamente as aulas mais interessantes do mundo, mas quando conseguimos vislumbrar a Pedra de Roseta (que permitiu entender a escrita hieróglifíca) ou quando estamos perante os portões assírios ou quando entram num corredor revestido com baixos-relevos onde estão representadas cenas de caça, de guerra e de quotidiano de há milénios não há como não ficar que nem uma criança que entra numa loja de doces! É uma sensação incrível podermos estar frente a frente com objectos que só vimos em livros e que, por estarem tão distantes de nós, começam a parecer irreais.



A minha galeria preferida foi sem dúvida a do Médio Oriente. Simplesmente maravilhosa. Pensei que fosse adorar as galerias da Grécia e Roma Antiga, que são também elas verdadeiramente fantásticas, mas o meu coração ficou algura entre a Mesopotâmia e a Pérsia.

O museu estava cheio e, ao fim de algum tempo, o cansaço começava a notar-se. Mas entre grupos de turistas e aqueles que, como nós, se aventuraram por conta própria, fiquei surpreendida com a quantidade de estudantes que vi em praticamente todos os pisos do British Museum. Fiquei ainda mais espantada quando me apercebi que eles estavam a gostar da experiência, de estar no museu. Não querendo fazer comparações, foi uma experiência diferente da que tenho dos museus portugueses.

O British Museum começou por ser um gabinete de curiosidades do século XVIII com um espólio imenso que veio a crescer ainda mais com o decorrer dos séculos. Hoje em dia, apesar da controvérsia que algumas colecções geram, por se encontrarem num país que não o de origem, tem um acervo incrível e ao alcance de todos. Qualquer um pode entrar e qualquer um pode aprender e viver as várias histórias que cada galeria tem para oferecer.


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