domingo, 16 de setembro de 2018

LAUREAR A PEVIDE | Fui a Inglaterra


O mês de Julho foi pródigo em novas experiências. Não só tive a oportunidade de visitar uma país que não este jardim da Europa à beira-mar plantado, como também viajei de avião pela primeira vez e apresentei a minha primeira comunicação. Estava mais nervosa por ter de falar para uma sala onde estavam, no máximo, vinte pessoas do que meter-me numa lata com asas em Lisboa e sair duas horas depois em Heathrow.

Ficámos cerca de quatro dias em Londres e um em Winchester, em New Hampshire. Para que a nossa estadia fosse bem aproveitada, apanhá-mos um vôo bem madrugador - nunca me aconteceu ter de acordar às três da manhã para ir onde quer que fosse - e por volta das dez e meia chegámos à nossa residência - LSE Bankside House. Ficámos numa residência universitária perto do Shakespeare's Globe e do Tate Modern, que nos permitia ir a todo e a qualquer lado a pé. Os nossos dias começavam por volta das seis, seis e meia da manhã e terminava connosco estafados mas contentes lá para as onze. Armados com garrafas de água e alguns snacks que comprávamos nas nossas idas matinais ao supermercado, lá íamos. 



Dos cinco dias que lá estivemos, chuviscou apenas num. Era sexta-feira à tarde e fomos apanhados numa manifestação anti-Trump em Trafalgar Square. Sabíamos que o campeonato mundial de futebol ainda estaria a decorrer quando da nossa viagem, mas não tínhamos a certeza se Inglaterra ainda estaria a competir. Estava. Oh, se estava. O Inglaterra vs Croácia trouxe as pessoas à rua. Mas o mais surpreendente não foi o jogo em si, mas as horas que o precederam. Portugal tinha saído há semanas do campeonato e, com ele, o meu interesse pela competição. Por mais avisados que tenhamos sido em relação ao amor que os ingleses têm ao futebol, não estámos à espera de ouvir os cânticos de apoio à selecção de forma tão clara e audível! Apesar de ser uma residência universitária, não havia assim tantos bares e pubs nas redondezas. A nossa curiosidade estava espicaçadas e porque a hora de jantar estava ao virar da esquina, decidimos sair e ir comprar alguma coisa para comermos à beira-rio.

O futebol e os adeptos ficaram para trás. Naquele momento, eramos nós, o pôr do sol e o rio Tamisa. Não é um rio bonito, mas é movimentado. Mas no final daquela tarde, não se via vivalma. Apercebi-me depois que não era só por causa de um jogo de futebol que as pessoas se tinham evaporado - os dias em Londres começam cedo e terminam cedo. 

Entre os países que mais gostaria de visitar, Inglaterra nunca esteve propriamente no topo da lista. Nunca despertou em mim o mesmo interesse que eu vi no rosto de amigos que lá foram e adoraram. Ainda guardo os postais e lembranças que me foram dadas por aqueles que foram, mas eu, em Inglaterra? Pouco provável. Até que acabou por acontecer. Cheguei com uma imagem e saí com outro completamente diferente. Ao fim de alguns dias, não sei se por ter sido a primeira vez que fiquei verdadeiramente por minha conta, se por ter sido um destino sobre o qual não tinha quaisquer expectativas, senti que fazia parte daquela cidade.

O meu maior arrependimento nesta viagem? Não ter provado o famoso fish & chips.

1 comentário:

  1. Adorava ir à Inglaterra. Enquanto não vou, vou lendo este teu "diário de viagem" e adorando!

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