sábado, 27 de janeiro de 2018

MARCADOR | Seraphina.


A leitura deste livro surgiu depois de uma colega inglesa mo ter sugerido por ser algo realmente muito bom. Apesar da recomendação, fiquei de pé atrás. O género do fantástico é um dos meus géneros literários preferidos e talvez essa seja a razão pela qual sou tão picuinhas com os livros que leio. Mas, ao mesmo tempo, sabendo que os meus gostos e os daquela pessoa estão mais ou menos sintonizados, pensei que valeria a tentativa. O único problema que se impunha era que o livro não estava traduzido para Português, nem estava à venda em Portugal. Esse impasse foi resolvido quando, poucos dias antes do Natal, recebo um encomenda e qual não é o meu espanto quando, ao rasgar o papel, vejo aquilo que tenho estado à procura há meses! Por isso, não podia deixar de vos trazer este pedaço de felicidade em formato A5 e com 369 páginas.

Seraphina é o primeiro livro de uma saga que ainda está a ser produzida por Rachel Hartman. Este conta-nos a história de Seraphina, uma rapariga que nasceu com um talento inacreditável para a música, mas que tem um segredo: ela é um ityasaari. Por outras palavras, de preferência numa linguagem que os humanos percebam, ela é o resultado do cruzamento entre um humano e um dragão. É certo que ao início parece estranho, mas o livro explica (e nenhum Burro foi magoado durante o processo, o que é outro mistério da Natureza que irá permanecer isso mesmo: um mistério). No universo de Seraphina, os dragões têm a habilidade de se transformarem em humanos (saarantras) e, uma vez humanos, são capazes de gerar descendência juntamente com um humano. No entanto, embora não seja proibido, é algo visto com repugnância. Porquê? Porque além da relação inter-espécies não ser natural, até há quarenta anos humanos e dragões estavam em guerra.

E são as celebrações dos quarenta anos de paz entre dragões e humanos o cenário para esta história.

Conflitos mal resolvidos, intrigas, segredos que devem ser mantidos e uma pitada de humor. Foi a primeira vez que li um trabalho desta autora. Demorei algum tempo a lê-lo, por uma simples razão: não queria que acabasse. O livro é escrito a partir do ponto de vista da personagem principal, a Seraphina, mas nem por isso deixa de ser envolvente e bem escrito. Pessoalmente, não sou apreciadora de textos escritos na primeira pessoa. Acho chato e, por vezes, deprimente. Mas nesta livro, em particular, fiquei fascinada com o simples facto de me conseguir conectar com a personagem. O que foi estranho, porque raramente acontece.

Por outro lado, o livro não só nos envolve nos conflitos pessoais da personagem principal, mas leva-nos a suster a respiração em determinados momentos. O livro não é perfeito (mal seria se o fosse), mas não deixa de ser uma leitura diferente para quem está habituado a Tolkien e, mais recentemente, a George R. R. Martin. Encontramos resquícios dos dragões descritos por estes autores, mas, ao mesmo tempo, Hartman dá-lhes uma nova identidade. Para quem gosta de fantasia, talvez seja um bom livro para um fim-de-semana mais preguiçoso.

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