domingo, 6 de setembro de 2015

FACULDADE | Colocações e (des)colocações

Por esta altura já devem ter visto e lido dezenas de publicações relativamente às colocações no ensino superior. No entanto, queria partilhar convosco a minha experiência, quando fiz a minha primeira candidatura à universidade. Se um de vós se vir nesta história, espero que não se venham abaixo; caso contrário, desejo-vos sorte para esta nova fase da vossa vida.

Como qualquer outro estudante do ensino secundário com aspirações a chegar à faculdade, sem qualquer interrupção entre ciclos, fiz a minha candidatura. Estava certa que iria entrar, sem qualquer problema, até porque, durante o ensino secundário, nunca tive notas más; não eram as melhores, mas certamente não eram as piores. Simplesmente não me esforçava, visto que tinhas notas medianas. Chegou a altura de me candidatar e coloquei como única opção Estudos Asiáticos, que eram o meu grande objectivo, mas que no entanto foi o meu grande erro.

Durante todo o Verão, não tinha qualquer sombra de dúvida que entraria no curso que desejava, fui arrogante e isso saiu-me caro. Chegou o momento das colocações e eu estava ansiosa para que o meu resultado saísse. Quando recebi o e-mail, o mundo desabou. Li e li mais uma vez, para ter a certeza que não estava a ter um pesadelo, mas as palavras "não colocado" eram reais e quando me apercebi realmente disso chorei. Chorei mais naquele momento do quem em momento algum na minha vida. Pela primeira vez, sentia-me derrotada, deitada ao chão e sem saber o que fazer. Os meus irmãos mais novos vieram logo ter comigo, mas sem saber o que fazer para me acalmar porque, para eles, era a primeira vez que a irmã mais velha, a mandona, estava tão de rastos. Só quando o meu pai apareceu é que me conseguiu acalmar, e mesmo assim demorou imenso tempo.

Depois de ter chorado tudo o que tinha para chorar e de me recompôr, grande parte graças ao meu pai, comecei a pensar: nada está perdido, porque ainda há uma segunda fase. Aquelas duas semanas foram duras, porque via colegas meus a entrarem no curso que queriam e a inscrever-se, a realizarem os seus sonhos, enquanto eu ainda não tinha saído da estaca zero. Finalmente, chegou o momento de saber o resultado da segunda fase e, mais uma vez, não consegui entrar no curso que queria. Mas, desta vez, não foi tola o sufieciente para ter apenas uma opção: entrei para Estudos Clássicos.

Apesar de estar muito longe de ser desinteressante, continuava a ser o curso que não queria. Durante um semestre inteiro, enquanto tinha cadeiras fantásticas como Mitologia Clássica, Grego e Latim, continuou a ser um grande choque. Estava desmotivada, não conseguia concentrar-me ou sequer acompanhar as lições e saía muito tarda das aulas (leia-se às 22h). Só durei o primeiro semestre, depois cancelei a matrícula e tentei a minha sorte no próximo ano lectivo.

É certo que continuei a não conseguir entrar no curso que queria, mas durante esse tempo todo cresci e repensei as minhas escolhas. Acabei por entrar em História e foi possivelmente das melhores decisões que tomei. História é mais abrangente do que se pensar, deu-me a possibilidade de explorar diversos mundos e tempos, conheci pessoas fantásticas e que me ajudaram imenso, mesmo que nunca se tenham apercebido. E quando dei por isso, já se passaram dois anos e eu estou no último da licenciatura.

Este relato não tenciona deitar-vos abaixo ou desmoralizar-vos. Longe disso. Espero que com esta experiência vos tenha ajudado a perceber ou somente a compreender que nunca devemos desistir das coisas que realmente queremos, mas que para isso há que trabalhar por elas. Se a primeira opção não deu, outras não irão faltar. Talvez seja uma oportunidade para pensarem melhor naquilo que querem fazer na universidade, talvez seja uma maneira da vida vos dizer "e se tentarmos outra coisa?". Mas, no final do dia, que não vos envergonhe dizer que não entraram; antes digam "bem, isto assim não deu, mas talvez de outra maneira dê". Se quiserem chorar, chorem, criem um novo Tejo ou um novo Douro, porque tudo isso serve para se recomporem.

3 comentários:

  1. Apesar de tudo, nunca podemos baixar os braços! Só nós é que podemos realizar os nossos sonhos e temos de procurar todas as hipóteses possíveis para tal!

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  2. Aconteceu-me uma coisa parecida, entrei na primeira fase de candidaturas mas não na minha primeira opção. Fiquei desiludida, mas depois de frequentar as primeiras semanas no curso da minha segunda opção acabei por cancelar a candidatura à segunda fase. Hoje estou a acabar esse curso e não poderia ter tomado outra decisão. :)

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