HISTÓRIA | Ser estudante de História é...

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Normalmente, quando se pensa em estudante de História, ou no curso de História em si, pensa-se naquele ratinho de bibliotca. Não digo que em parte não seja verdade, mas ser aluno de História é muito mais que isso. Talvez não seja um cursão como Medicina ou tão útil como outros cursos que por aí andam, mas não deixa de ser interessante, elucidador e criado para os curiosos. Na brincadeira, costumo dizer que aqueles que vão para História são aqueles que gostam de mexericos e da vida das pessoas. Porque, a ver vamos, em História é isso que acontece. Especialmente se explorarmos a história das personalidades, do indíviduo. Consigo até ouvir a voz daquela vizinha irritante e cusca como o raio na minha cabeça sempre que os meus professores falam ou quando estou a ler um livro; "Oh meu Deus, já viste nos collants horríveis que eles usavam naquele tempo?" ou "Nem vais acreditar naquilo que o Henrique fez. Então não é que o moço casou com a cunhada, depois mandou-a embora para casar com outra e depois mandou-a matar para casar ainda com outra? Este mundo está perdido..."

Mas não era bem disto que vos queria falar. Queria falar-vos de algo em particular, algo que se pode encontrar em quase todo o estudante de História. Não digo que não seja comum a outras pessoas e a outros estudantes que não estejam nesta área. Acredito plenamente que a cultura é transversal a todas as pessoas, ou pelo menos deveria ser. 

Livros, artigos, revistas e rabiscos em cadernos de apontamentos por todo o lado. Mas por todo o santo lado. Eu deixei de ter espaço nas minhas estantes para os meus livros e revistas, sendo que a minha secretária está ocupada pela metade com livros e estes já se começam a agrupar em pequenos montes pelo chão. Já para não falar dos artigos soltos e revistas que vimos a encontrar sempre que saímos de casa e passamos por uma papelaria ou por uma livraria. Aqui entre nós que ninguém nos ouve, eu tenho de fazer um pequeno esforço quando vou à papelaria aqui da zona para me desviar da secção das revistas que me podem interessar. De certo que já sentiram o olhar fulminante dos vossos pais quando eles já toparam que vocês querem aquilo...

Estudar História é uma roda viva, apesar de parecer algo muito moroso, monótono e difícil. Ainda há uns dias, quando estava a passear com a minha mãe e ela encontrou uma amiga que já não via há algum tempo, surgiram aquelas perguntas: então, a menina está a tirar o quê? A expressão das pessoas quando digo que estou a estudar História é algo inapagável. Quando a amiga em questão fez uma careta rápida e me desejou boa sorte para os meus estudos, depois de me ter chamado "valente", fiquei com alguma vontade de rir. Esta área não é um bicho de sete cabeças (mas falamos dele nos primeiros anos!). É desafiadora, lá isso é. Mas tem tanto de difícil como de fantástico. Não sei se este sentimento é partilhado com vocês, mas sempre que eu aprendo algo de novo, seja na faculdade, seja nas minhas leituras, sinto-me simplesmente feliz. Claro que essa felicidade não é partilhada com o meu pai quando estamos a volta de Lisboa e eu não me calo com toda uma série de acontecimentos históricos e fantásticos que aprendi nesse dia, mas ele é meu pai. Tem mais é que aguentar.

Sei que ficou muito por dizer e também sei que talvez não seja uma publicação no blog que fará as pessoas mudarem de ideias quanto ao curso. Muito menos é minha intenção influenciar quem estiver prestes a candidatar-se ao ensino superior e não tiver a certeza de que área ou curso escolher. Apenas vos queria dar um cheirinho daquilo que por diversas vezes é considerado algo de outro mundo. Não é. É devido a esse desenrolar de acontecimentos que aqui estamos. Será devido ao desenrolar de acontecimentos que acontece neste preciso momento, sendo que a História está sempre a ser feita, que uma geração futura aqui estará (esperemos).

No final do dia, ser estudante de História é ter o quarto de pernas para o ar, com livros e revistas aqui, papéis e trabalhos ali. É ter-se uma pulguinha atrás da orelha em relação a quase tudo. É estar sobre pressão, sim, sem dúvida; mas não deixa de ser uma vitória, uma vez ultrapassada (e isto é válido para todo o estudante). 

Isto tudo porque fiquei a olhar para a revista de Historia do National Geographic e pensei "o mundo tem de saber isto!".