A GRANDE TELA | Divertida-Mente! (Inside Out)

A última vez que fui ao cinema é uma memória muito distante. Aquela espécie de momento em que vocês não sabem se foi real ou se não foi apenas um sonho. Pois é. Durante alguns meses vivi nesse limbo. Felizmente essa rotina foi quebrada e consegui fazer uma visita ao cinema aqui da zona para assistir a um filme que promete muito, juntamente com os meus irmãos.

Confesso que quando vi o trailer do filme não me fascinou muito. É mais um filme para miúdos, pensava eu de forma ingénua, enquanto os meus irmãos mais novos insistiam e insistiam para o vermos. Lá fomos, só nós os três (o que desde logo seria uma cena digna de se ver). Depois de lhes ter comprado as pipocas e as bebidas, ficámos muito bem acomodados na fila de cima, mesmo rente ao projector (o auto-controlo que precisei para não começar a fazer sombras chinesas foi imenso). Em três, dois, um...acção!

O filme não começa de imediato. Antes disso há uma curta-metragem chamada Lava. O que muitos acharam aborrecido e sem qualquer piada, de acordo com alguns comentários que li no Facebook e noutras redes sociais, eu achei amoroso. Trata-se da história de uma ilha vulcânica no meio do Pacífico que se encontra só, enquanto os animais que nela habitam têm todos um par. O vulcão canta (sim, leram bem) sobre querer encontrar alguém que partilhe uma vida e momentos preciosos com ele. Mas com o passar do tempo, a ilha vai-se desgastando e começa a perder a esperança. Contudo, no fundo do mar há um vulcão (ou melhor, uma senhora vulcão) que o ouve e que quer estar junto dele. É uma curta bonita e comovente, uma vez que dei por mim a pensar "oh meu Deus, mas ele vai ficar sozinho?". Sim, era menina para começar a fazer este tipo de perguntas ainda antes do filme começar! O que tenho a dizer é que é adorável.

É então que realmente se inicia aquela jornada na mente de uma criança. Logo nos primeiros momentos é-nos apresentado o elenco, formado pelas cinco emoções principais de uma menina de onze anos: a Alegria, a Tristeza, a Repulsa, o Medo e o Raiva. Mas não só. A visão que nos é dada sobre o interior da mente de uma criança é fantástica e adorei o modo como o fizeram, mostrando que em cada pessoa há um mundo e só faz sentido nesse mesmo lugar. Ao longo da história a Riley (a personagem principal do filme) é confrontrada com uma série de situações, mas aquela que realmente disponta o enredo principal do filme é o facto de mudar de casa e de estado. É na sequência deste acontecimento que a confusão dentro da cabeça dela se instala; ou seja, aquelas cinco emoções vão tentar encontrar uma solução para o problema. A questão é que são emoções. Por isso, se o Raiva, por exemplo, decidir agir e tomar conta do painel de controlo que existe na cabeça da personagem, ela vai ter um comportamento violento, próprio de uma criança zangada, e assim sucessivamente.

A certa altura, e para saber porquê têm de ir ver o filme, a Tristeza e a Alegria saem do "quartel-general", deixando o Medo, o Raiva e a Repulsa a liderar as acções da Riley. É então que se desenrola uma aventura e tanto. Houve alturas em que tive de me lembrar que aquilo tudo se estava a passar dentro da cabeça de uma criança. Aparece então o Bing Bong, o antigo amigo imaginário da Riley, o qual tem a voz do humorista Nuno Markl. No início, quando ele apareceu, não era dos meus preferidos. Mas quando o final se estava a aproximar, deixou-me com uma lágrima no canto do olho.

O final já se aproximava, mas nem por isso deixou de ser bom. Uma vez ultrapassados aqueles problemas iniciais, a transformação e o desenvolvimento dos personagens ao longo do filme é evidente. Cada pessoa tem um "painel de controlo" e as suas próprias emoções. Somos um mundo neste mundo e este filme comprova-o. Por último, antes de vos aconselhar vivamente a ir ver o filme, tenho de vos dizer que a minha personagem preferida foi, sem dúvida, o Raiva. E logo a seguir a ele, a Repulsa. São os dois tops. 

Bem, acho que chegou aquela altura da publicação em que vos sugiro vivamente a irem ver o filme. Não importa se têm oito ou oitenta, vale a pena ver. Vão-se rir e também vão fungar para esconder uma ou duas lágrimas, dizendo ao vizinho do lado "Eu, a chorar?! Não. Foi só uma pipoca que me entrou para o olho!". Vão e divirtam-se!